terça-feira, 26 de abril de 2016

PEDALADAS

Eu no domingo, 24 deste mês, na praça de artesanato do Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte.




Não, a bicicleta não é minha.
Nunca tive uma.
Mas já dei as minhas pedaladas pela vida afora.
Eu já saí por aí, em muitos caminhos.
Eu me aventurei.
Caminhos de terra, de pedra,
Chão seco ou terra molhada.
Pé de moleque, asfalto,
Subida e descida.
Acompanhada, muitas outras vezes,
Desacompanhada.
Carregando filho, sacola de compras, livros,
Sonhos e medos...
Hoje ando por caminhos mais tranquilos.
Serão os mesmos?
Velhos amigos se tornaram,
Nas minhas idas e vindas...
Diante da bicicleta eu paro e me encanto
Nela eu não sei pedalar
Mas é nela que eu me apoio por um instante
E sorrio para a vida mais uma vez...

Joyce Pianchão



sábado, 23 de abril de 2016

SE FOR PARA MUDAR QUE SEJA PARA MELHOR. RETROCEDER NUNCA!


Eu bonita!
  Quando feliz, amada, fazendo o que gosto, estando com quem gosto.
Estando comigo...
Eu recatada!
 Quando sou silêncio, pensamento, reflexão, pausa, meus livros...
Eu do lar!
  Sou minha casa, meu canto, minhas almofadas, minha música, minha comida, minhas lembranças,quando necessito de aconchego...

Eu livre quando tomo decisões, faço o que quero, vou onde quero, decido o que é melhor para mim, sou como sou... 

Eu leio, escrevo, cuido, preservo, espero, sonho, penso, amo, sinto, falo, como, ando, me calo...
Sou alegre, triste, emotiva, surpreendente...

Sou mulher, gente,pessoa, ser humano, tenho mais direitos do que deveres, privilégios da idade...
Assim sou eu hoje, liberdade de ser!

Que nada mude isto, nem para mim e nem para as outras mulheres e não porque para os homens, aqueles que reconhecem o ser feminino como quem conquista todos os dias um pouco da sua dignidade de existir e ser como quer e tem direito de ser
Joyce Pianchão

quarta-feira, 20 de abril de 2016

CONEXÃO CELESTE




De repente eu olho o céu,
Como se ele me espiasse,
Como se eu o perseguisse.

Não! Não olho para ele de repente,
Olho para ele diariamente,
Como se ele fosse a minha agenda aberta:
O que temos programado para hoje?

Se azul, disposição.
Se nublado, recolhimento.
Se chuva, pensamentos escorrem na vidraça...
Se vermelho, vem frio.
Muitas nuvens, o tempo vai virar.

Em conexão permanente,
Eu e o céu, o céu e eu.

  Olho o céu pela manhã,
Quando agradeço a oportunidade de mais um dia.
Ergo os olhos ao céu antes de me vestir,
Ao programar um passeio, uma viagem, um encontro...

Dirijo-me ao céu quando caminho e com ele divido a alegria,
A alegria de estar ali, vivendo...
Consulto o céu quando vou pendurar a roupa no varal,
Será que vai chover?

Eu olho para o céu à noite
E procuro por ela.
 Meus pedidos eu faço, sempre à mesma estrela,
Dividindo com ela meus segredos...

A lua eu respeito,
Grandiosa, com faces e tons variados.
Ela me causa um especial deslumbramento,
Que tem como consequência o meu respeito.
Não converso com ela, não faço pedidos,
Só a admiro...

E assim estranhamente, ou maravilhosamente,
Eu e o céu,
O céu e eu,
Conectados.

Joyce Pianchão

domingo, 17 de abril de 2016

BRASIL



Hoje lhe reduziram às cores verde, amarelo e vermelho. Não harmoniosamente juntas. Não! Separadas, distintas.  Cada uma no seu espaço, não há concordância, não há tolerância.
Aconteceu com você, Brasil, que acolhe gente de todas as cores, que é multicolorido, alegre, acolhedor, de coração grande e braços abertos.
Aqui, Brasil, ninguém mais se entende, todo mundo se defende.
Fala-se de Deus, de família, de você, Pátria. Carregam bandeiras. Mas bandeiras individuais. Cada um ostenta a sua cor. As pessoas nas ruas não se compreendem, é perigoso se trair, denunciar de que lado elas estão, se caminham à esquerda ou à direita.
Estão dizendo que hoje, domingo, 17 de abril, é um dia histórico. Não sei bem que história vai ficar para contar. Talvez modifiquem os fatos mais tarde, para que fique mais bonito, mais heroico, mais fantasioso. Não será a primeira vez, não é?
Amanhã é segunda-feira, vou acordar sem saber qual é a sua cor, Brasil. Para mim você é azul, o azul que eu vi neste dia ao acordar, quando olhei para o alto e pedi ao céu que iluminasse este lugar, esta terra, este país, todas as pessoas que podem fazer de você, meu Brasil, um lugar digno de se viver.
Escutei gente dizendo que vai embora, outro lugar procurar para viver. Eu ficarei por aqui, porque apesar da profunda tristeza que sinto nesta noite histórica, acredito que algo irá mudar o movimento das cores distintas que estampam as bandeiras de cada um e silenciam o diálogo democrático e promovem a discórdia.

Joyce Pianchão

sábado, 16 de abril de 2016

REGRESSO DE UM SENTIR




Retorna sem ser chamado
Como se vida tivesse


Num lugar que não é mais seu.


Por que aparecer sem avisar
Sem ser esperado

Sem pedir licença?


Por que voltar se nada trouxe de novo?

Por que abrir a bagagem 

Repleta de coisas velhas

De passado que já se foi?


Ah!

Não suporta saber
De outro sentir?


Vai! 


Recolhe tuas coisas,

Feche sua bagagem

Segue outro caminho

Este daqui não é mais o seu.



Joyce Pianchão