sexta-feira, 8 de abril de 2016

TARDE DE OUTONO LENDO MANUEL BANDEIRA

 



Tarde de intenso calor em Belo Horizonte. Lá fora não dá para ir, pois são quinze horas, a hora que o sol castiga, sem dó. Então, assentada na minha habitual poltrona amarela, acomodada nas minhas confortáveis almofadas, eu me coloco a ler o final do livro de Manuel Bandeira “Crônicas da província do Brasil” e chego ao término, já com saudade das tão bem escritas crônicas por ele.

Destaco, entre tantas, “Presente”. Que não poderia ser diferente sendo professora que sou. Bandeira escreve sobre o falecimento do seu professor Silva Ramos, quando ele ainda frequentava o primeiro ano do Colégio Pedro II, naquele tempo, como disse o autor, chamado Ginásio Nacional.  E assim termina Manuel Bandeira as suas recordações de estudante e a influência que o professor Silva Ramos lhe deixou “o gosto, a verdadeira compreensão dos padrões mais nobres da nossa linguagem; no português que falo e escrevo hoje (...)”.

Mas comovente mesmo, é o final que ele dá ao  texto:

“Nesta hora de enternecida recordação, se os seus olhos espirituais estão procurando no mundo material os daqueles que o amaram e admiraram, entre os seus antigos discípulos do Ginásio me orgulho de comparecer, respondendo como à lista de chamada: Presente!”

Outra crônica que também me chamou a atenção, pelo mesmo motivo, da crônica “Presente”, é “Leitura de mocinhas”, no qual ele conta que propôs a um professor da Escola Normal, que desse à sua turma como tema de uma redação “impressões de leitura”, assinalando os livros prediletos.Assim foi feito e ele cita alguns depoimentos das alunas normalistas. Encerrando o relato ele escreve:

“Agora, para acabar com chave de ouro, transcrevo esta adorável confissão de infância":

"Dentre os livros de estudo que tenha lido, o que mais me agradou até hoje foi a História do Brasil. Porque nela é que aprendemos os fatos relatados no mundo e por meio desta conhecemos de nome os principais homens heroicos daquele tempo. Assim como Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha Tiradentes, foi um dos maiores vultos da Inconfidência Mineira. (...)”.
O que chama atenção nesta redação, é que diferentemente das outras alunas, que descreveram os livros literários lidos,esta opta por apreciar o seu livro didático.

Outras mais crônicas me fizeram gostar de ler  Manuel Bandeira. Tanto que agora inicio a leitura do livro do mesmo autor “Crônicas inéditas 2”.


Joyce Pianchão  

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